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LEI DO SUPERENDIVIDAMENTO: COMO RENEGOCIAR TODAS AS DÍVIDAS DE UMA VEZ E GARANTIR SEU MÍNIMO EXISTENCIAL

A nova Lei do Superendividamento permite que consumidores renegociem todas as suas dívidas de uma só vez, com garantia de preservação do mínimo existencial. Saiba como funciona, quem pode se beneficiar, quais dívidas podem ser incluídas e como buscar seus direitos para recuperar o equilíbrio financeiro com segurança.

Rosemeire Rodrigues Silva

10/14/20253 min read

person holding brown leather bifold wallet
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A lei que entrou em vigor recentemente no Brasil trouxe mudanças profundas para quem está atolado em dívidas. Batizada frequentemente como Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021), ela permite que o devedor renegocie todas as dívidas de consumo em um único acordo, obriga bancos e credores a participarem de audiência de conciliação e garante que, após os pagamentos pactuados, ainda sobre um valor mínimo para a sobrevivência. Essa proteção visa restabelecer a dignidade financeira das pessoas que perderam o controle das finanças, muitas vezes por fatores alheios à sua vontade — juros altos, desemprego ou emergências médicas.

Entender como essa lei funciona é essencial para quem deseja reestruturar suas finanças com segurança e não cair novamente em armadilhas. Vamos ver, a seguir, como esse mecanismo jurídico atua na prática, quem pode se beneficiar, quais regras devem ser observadas e as precauções que todo devedor precisa ter.

Como funciona a renegociação pelas novas regras

A grande inovação da Lei do Superendividamento está em trazer mecanismos que equilibram a relação entre credores e consumidores. Veja os pontos principais:

  • Consolidação de todas as dívidas de consumo: dívidas como cartão de crédito, empréstimos pessoais, contas de luz, água e telefone podem ser agrupadas em um único plano de pagamento. Isso evita a multiplicidade de negociações isoladas que geralmente geram confusão e juros distintos.

  • Audiência de conciliação obrigatória: bancos e credores são compelidos a participar da audiência de conciliação. Caso não compareçam sem justificativa, podem ser penalizados, e o juiz pode aprovar o plano proposto pelo devedor mesmo sem a presença deles.

  • Plano de parcelamento e carência: podem ser concedidos prazos de até 5 anos para pagamento, com carência de até 6 meses. Isso permite que o devedor recomece pagando valores menores, sem sobrecarregar suas finanças desde o primeiro mês.

  • Garantia do mínimo existencial: mesmo após definir as parcelas para pagamento das dívidas, é obrigatório que sobre um valor mínimo para que o devedor possa arcar com suas necessidades básicas (moradia, alimentação, saúde). Atualmente, esse mínimo é definido em R$ 600,00, mas há debates quanto à atualização desse valor diante da inflação.

Essa lei busca não forçar o sacrifício total das dívidas em detrimento de dignidade e condições mínimas de vida.

Quem pode usar essa proteção e quais dívidas são incluídas

Nem todo débito entra nesse modelo de renegociação. Eis quem pode se beneficiar e quais dívidas são cobertas:

  • Pessoas físicas de boa-fé: que tomaram crédito ou geraram encargos com intenção de pagar, mas acabaram superendividadas por circunstâncias adversas (juros abusivos, imprevistos).

  • Dívidas de consumo: cartão de crédito, empréstimos pessoais, contas de energia, água, telefone, faturas rotativas etc.

  • Exclusões: financiamentos imobiliários, crédito rural, pensão alimentícia e débitos fiscais geralmente não entram nesse mecanismo, pois têm regimes legais próprios.

Esse filtro evita que situações complexas ou dívidas estruturais sejam incluídas automaticamente, mantendo foco nas dívidas que mais afetam a vida cotidiana dos cidadãos.

Desafios e limites na aplicação da lei

Embora tão promissora, a Lei do Superendividamento enfrenta obstáculos práticos:

  • Desconhecimento por parte dos consumidores: muitos nem sabem que essa proteção existe.

  • Interpretações divergentes em tribunais: especialmente quanto ao cálculo do mínimo existencial e à inclusão de dívidas secundárias.

  • Resistência de bancos e credores: em alguns casos, credores tentam negociar fora da lei ou descumprir a audiência de conciliação.

  • Atualização do valor mínimo: R$ 600,00 pode já não cobrir os custos reais de vida em muitas cidades atualmente.

Mesmo assim, a lei representa um salto importante no direito do consumidor, com potencial de transformar vidas.

Conclusão

A Lei do Superendividamento oferece uma oportunidade concreta de reorganizar suas finanças com dignidade, sem sacrificar o essencial para viver. Se você se encontra no cerne do endividamento, saiba que há mecanismos legais para reestruturar suas dívidas de forma justa.

Se quiser orientação especializada, saber se seu caso se enquadra e montar um plano de renegociação seguro, entre em contato comigo. Vamos juntos encontrar o caminho para a sua estabilidade financeira , respeitando seus direitos.